2025-05-26 HaiPress
Nicolas Godin,do Air,durante a apresentação em São Paulo no C6 Fest — Foto: Divulgação
GERADO EM: 25/05/2025 - 15:05
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O friozinho do começo de noite,um parque acolhedor,os amigos reunidos... tudo contribuiu para o êxito deste sábado (24) em que o C6 Fest recebeu como atração principal,no palco principal (a Arena Heineken) o grupo francês Air. Esse terceiro dia do festival paulistano (que começou na quinta-feira e terminaria neste domingo,25) foi aquele em que o Parque Ibirapuera se transformou num grande lounge psicodélico,embalado pelas canções sensuais e retrô do grupo,que recriou,faixa por faixa,o seu clássico álbum de estreia,“Moon Safari”,de 1998.
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Hoje na meia-idade,os amigos Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel seguem com a velha obsessão que tinham na juventude,nos anos 1990,por sintetizadores e demais instrumentos analógicos dos 70,dos quais se cercaram para recriar no palco o disco que os projetou para o mundo. Abrindo com “La Femme d’argent” e “Sexy boy”,as primeiras faixas de “Moon Safari”,eles criaram o clima ideal para a noite,reforçado por um belo trabalho de artes gráficas nos telões: ali,eles eram aquele grupo de rock meio progressivo,inocentemente eletrônico (com um efeito de vocoder criando vozes de robôs da ficção científica ancestral),algo que parecia ter saído diretamente de 1976 para reavivar sentimentos esquecidos (ou criar novos). Uma viagem a céu aberto,que acabou por volta das 22h,com público feliz.
Público reunido no Ibirapuera para o show do Air,no C6 Fest — Foto: Divulgação
Antes deles,na mesma Arena,uma atração também lembrou velhos tempos: em plena forma,acompanhada por músicos jovens (destaque para o guitarrista James Walbourne),a cantora e guitarrista americana Chrissie Hynde,de 73 anos,trouxe a atual encarnação do grupo Pretenders,um dos grandes nomes do rock mundial do fim dos anos 1970/anos 1980. Num show de muita eletricidade e de rock reduzido ao seu básico,Hynde passou por animados hits como “Don’t get me wrong”,“Back on the chain gang” e “Middle of the road” e as baladas “Hymn to her” e “I’ll stand by you”.
Enquanto isso,na Tenda Metlife,a sensação foi o Perfume Genius,grupo do cantor americano Mike Hadreas,que fez um show de alta voltagem emocional e também sonora de sua banda,na qual despontou a guitarrista Meg Duffy,com intervenções ora delicadas ora bem barulhentas. Lânguido,com suas danças pouco convencionais,alguns embaraços com o fio do microfone e trejeitos de Iggy Pop,Hadreas conduziu um começo de noite indie rock,com bastante piano e uma melancolia por vezes pesada,por vezes dançante e um tanto quanto perversa. No mesmo palco,o também americano Gossip,da cantora Beth Ditto,fez um show eletrizante que muita gente não viu,porque aconteceu num horário entre os do Pretenders e do Air – e a distância a ser percorrida entre os palcos era grande.
Na quinta e na sexta-feira,o C6Fest foi do jazz,com apresentações no chique Auditório Ibirapuera. Na primeira noite,aberta pelo saxofonista americano Joe Lovano,o quente foi a estreia do inventivo septeto (com incríveis sopros) do pianista pernambucano Amaro Freitas e as melodias inebriantes da cantora paquistanesa Aroof Aftab (com quem Amaro fez contato para possíveis colaborações). Na sexta,noite de americanos,o baterista Brian Blade apresentou um belo e tradicional jazz com sua banda Fellowship,a cantora e baixista Meshell Ndegeocello emocionou a todos com seu criativo trabalho em homenagem ao mestre negro da literatura James Badwin,mas quem surpreendeu foi o baterista e rapper Kassa Overall: um jazzista de mão cheia,com uma banda à altura,num show de experimentos harmônicos e dançantes poucas vezes visto em festivais.
* O repórter viajou a convite do C6 Bank